sexta-feira, 23 de março de 2012

Até que enfim o desabafo!

Não sou uma pessoa de ficar reclamando por muito tempo,tenho facilidade de tirar tudo aquilo que me faz mal, da minha vida, pode ser uma situação, um trabalho ou uma pessoa; mesmo que eu goste, se a tristeza ou incomodo emocional que me causar for maior que a minha felicidade, simplesmente viro as costas e sigo em frente, porque aprendi que o que realmente importa é ser feliz,  mesmo que isso as vezes não passe de tentativa, afinal, ninguém consegue se feliz o tempo inteiro, mas já é uma grande vantagem ser feliz a maior parte do tempo.
Falando assim, parece fácil e indolor, não vou mentir, as vezes é mesmo, mas em algumas situações e com algumas pessoas, esta atitude mesmo sendo necessária e para o meu bem estar emocional, já me causou tristeza e  me fez sentir o gosto salgado das minhas lágrimas. Tive que aprender também, que  exitem coisas que te machucam tanto, que mesmo quando o afastamento te causa sofrimento ainda é melhor deixar para lá, deixar para o passado.
Pois é, assim como todo mundo, eu já sofri de amor por pessoas que não mereciam este meu nobre sentimento, e não estou falando só de amor de mulher não, estou falando de amor de amiga, que muitas vezes pode machucar mais. Eu tive um amor assim, que no pior momento da minha vida, causou muita mágoa dor e decepção. Não escrevo para agredir ninguém, muito menos magoar, por isso não sito nomes, nem idade. Também não escrevo para reclamar, só escrevo, porque guardei isso tudo dentro de mim por muito tempo, já estou distante desta pessoa, só preciso virar as costas e sem olhar para trás, e  para isso preciso esvaziar essa parte do meu coração, e para isso, é o meu desabafo.
Nos conhecemos na década de noventa, sempre nos demos muito bem, a amizade foi uma coisa que nasceu espontânea e cresceu sozinha, nunca ninguém forçou nada, e mesmo sendo muito diferente uma da outra, nós duas tínhamos muitas coisas em comum. É engraçado, não éramos aquelas amigas de estar sempre juntas, nem de sair juntas, éramos aquele tipo de amigas para socorro. Eu amava verdadeiramente esta minha amiga, sempre procurei ajudar de todas as maneiras, e num dos piores momentos da vida dela, quando ela já achava que não tinha mais para onde ir, eu estava lá, mostrando que sempre haveria uma saída, e mais uma vez a vida nos uniu, e desta fase, tenho excelentes lembranças, como a do posto de gasolina, das risadas que dávamos juntas, dos lanches na madrugada e dos amores e desamores que tanto eu como ela havíamos experimentado, nós podíamos contar tudo uma para outra, podíamos confiar uma na outra. O final da década de noventa foi chegando e a vida, mais uma vez foi nos afastando, mesmo assim,  ela estava presente no meu primeiro casamento, e no final dele também, foi para ela que eu contei primeiro o meu grande equívoco, e foi ela que enxugou muitas daquelas lágrimas. Engraçado, o final do meu casamento coincidiu com o começo do casamento dela, isso no começo dos 2000.
Foi ela me me recolocou no mercado de trabalho quando me separei, e fui eu que coloquei na cabeça dela, deixar pra lá uma desavença familiar. Foi bem aí, que tivemos nosso primeiro mal entendido, por falta de comunicação, quero deixar bem claro, falta de comunicação de duas pessoas que falam tanto... É muito irônico. Ficamos alguns anos se  falar, mas ao contrário do que ela sempre pensou, eu procurava saber de como estava a sua vida, de como as coisas estavam acontecendo. Sentia saudades. Um dia, criei coragem e fui até ela, quando ela me viu, nem acreditou, foi tão Ela, e ficou tão feliz, que parecia que havíamos nos falado um dia antes, eu fiquei tão feliz...
Mais uma vez a vida nos juntou, eu estava casada novamente e o casamento dela estava no final, engraçado, o final do casamento dela estava coincidindo com o  começo do meu segundo...
Ela estava diferente, estava dura e áspera. A vida tinha machucado ela, hoje acho que de maneira irremediável. A crença dela no ser humano havia sido assassinada, e o amor para ela era apenas uma palavra que não deveria existir no dicionário. Meu Deus! Como ela estava machucada e confusa, muito confusa...
Em nome da nossa velha amizade que completaria este ano 20 anos, tentei conversar e mostrar para ela que o mundo era maior que aquele que ela enxergava, e que novos horizontes estavam ali para serem desbravados, acredito que errei em alguns momentos, mas existiam coisas na vida dela que precisavam ser freadas, e ela sabe disso. Foi isso que eu fiz, e acho que em algum momento, mesmo sozinha, Ela já tenha admitido - se a Carol não tivesse feito o que fez, o que teria sido de mim? Ela teria perdido as rédeas da própria vida. Acho que foi nesta confusão toda, que começamos a nos perder definitivamente.
Mesmo assim, no dia que o meu pai morreu era com ela que eu estava, foi ela que me deu o primeiro abraço, foi ela que segurou muito da minha dor, foi ela que me mostrou que a dor pode ser grande, mas que a vida continua, foi ela que mandou a moça que trabalha aqui em casa pegar um sapato e me levou andar para que eu pudesse ver, que eu ainda respirava. Mas mesmo assim, estávamos nos perdendo, nos distanciando.
Estávamos juntas, mas não éramos mais as amigas do socorro, e ela com a desculpa de se defender, até hoje não sei do quê, não poupou esforços para me machucar.
Não fazia onze meses que eu havia perdido o meu pai, não havia me recuperado totalmente, meu emocional estava abalado ainda e fiquei doente, muito doente; Ela viu, Ela presenciou tudo, não vou ser injusta, Ela se preocupou, mas alguns interesses de ordem pessoal fizeram com que Ela se aproveitasse de tudo o que estava acontecendo na minha vida, para atingir alguns de seus objetivos. Foi aí, bem aí que eu percebi que eu precisava seguir em frente. Eu estava me recuperando mais uma vez e Ela, usando das minhas fragilidades contra mim, falando de histórias que não existiram, de coisas que não sabia. E eu, sofri por Ela, eu chorei por perder uma amizade que eu achava que era nossa. Eu amei essa minha amiga, e como amei, por isso foi tão difícil deixar pra lá,  foi tão difícil deixar para trás, eu tinha tanta coisa que estava aqui na minha vida, eram tantos sentimentos, eu estava tão fragilizada, eram tantas dores físicas e emocionais...
Demorou muito para que eu conseguisse virar as costas, agora, quase dois anos depois, eu consegui, percebi isso no dia que soube que ela inventou uma história sobre mim, para justificar alguma coisa dela, e eu simplesmente dei risada e disse - que pena que ela continua agindo assim, e mudei de assunto.
Percebi então que eu já poderia falar sobre tudo, poderia escrever sobre tudo, porque o luto pela morte da nossa amizade havia acabado, por isso, aqui e agora, viro totalmente a página e sigo em frente, sem olhar para trás.
Para você que continua na minha vida -
Beijo e até mais,
Carol


Nenhum comentário:

Postar um comentário